Jornada do cosmopolitismo estudado em artigo do Comunicon 2018 é premiado com menção honrosa

De um lado, um documentário que apresenta a viagem de um refugiado sírio; de outro, um filme publicitário da prestigiada marca de luxo Louis Vuitton. Em comum: o nome, ambos se chamam “The Journey”, “a jornada”, em sua tradução para o português. A semelhança para por aí, mas as diferenças são inúmeras. É disso que trata o artigo apresentado no Comunicon de 2016 por Viviane Riegel, aluna do PPGCOM da ESPM, que recebeu na edição deste ano do Congresso o prêmio menção honrosa na categoria Doutorado.

Viviane-Riegel-Comunicon-2018

Riegel cursou tanto sua graduação quanto seu mestrado pela Escola Superior de Propaganda e Marketing. Em seu doutorado, a bolsista CAPES orientada por Denise Cogo, investiga o cosmopolitismo para aqueles que estão migrando a São Paulo e Londres.

Conexão Londres

A pesquisa na capital da Inglaterra e do Reino Unido foi feita sob a supervisão de Mike Featherstone, professor da Goldsmiths College – University of London e autor de livros como “Cultura de Consumo e Pós-modernismo”. Londres foi escolhida porque é uma das principais metrópoles globais do mundo, título que divide com Nova Iorque e Tóquio, segundo a doutoranda. No entanto, optou-se por essa cidade, pois há um porcentual alto de imigrantes, o que faz supor que seja uma cidade mais aberta à diversidade. Isso era o que a pesquisadora supunha, o que ela não sabia era que em 2016 (um ano após o início de sua pesquisa), chegaria a uma cidade que havia decidido recentemente fechar suas fronteiras aos estrangeiros, com o Brexit.

Entre suas descobertas a principal é que “em diferentes contextos as diferenças sociais são o fator mais determinante da experiência do sujeito”, explica ao se referir ao seu estudo sobre “The Journey”. Enquanto na Louis Vuitton é exaltado esse indivíduo “cidadão do mundo”, o que se vê na experiência concreta do refugiado são barreiras e recusas. “O discurso de abertura atende à lógica do mercado, econômica, mais do que entender ou incluir a diferença. Há mais abertura, é mais aceito quem tem mais dinheiro”, defende.

Terra brasilis

Na cidade de São Paulo há uma narrativa de cosmopolitismo, de que “é possível comer pratos de qualquer lugar do mundo”, destaca Viviane Riegel, no entanto, essa aceitação mundial se restringe a essa superfície. Não vai além disso. Questões que são levantadas e respondidas em uma pesquisa científica.“Não consigo imaginar não fazer a pesquisa. Ser pesquisadora atende à vontade não só de estudar, mas entender a realidade de pessoas e tentar ajudar com projetos, ideias”, declara, lembrando-nos da importância para toda a sociedade do trabalho de um pesquisador.

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