Diniz: “é possível vender um produto e construir uma nova consciência para a sociedade”
Fernando Diniz é jornalista, historiador e especialista em construção de marcas, com mais de vinte anos de atuação no mercado publicitário – tempo em que esteve em agências como Loducca, TBWA, Y&R e F.biz. Seu histórico como jornalista inclui passagens pela Folha de S.Paulo e Revista Trip, além das rádios Jovem Pan e Bandeirantes.
Diniz, que também é professor da Miami Ad School, já trabalhou para diferentes setores da indústria, como alimentos e bebidas, automotivo, tecnologia, entretenimento, saúde, educação, turismo, telefonia, energia e varejo – a extensa lista de marcas envolve companhias como Vivo, Danone, TAM, Motorola, Perdigão, Unilever, O Estado de S.Paulo, American Express, Bradesco e LG, nas áreas de estratégia, conteúdo e digital. Desde 2015 é Chief Strategy Officer da agência DPZ&T.
Neste papo com o Memorial do Consumo, o jornalista aborda a relevância da prática publicitária para o consumo da população, questiona sobre os hábitos diários de consumo e a importância das marcas enviarem mensagens de diversidade para a população. Confira!
Memorial do Consumo: Quando você começou a se interessar por propaganda?
Fernando Diniz: No colégio. Sempre gostei de escrever e desenhar. Um primo mais velho me trouxe um anuário de propaganda uma vez e eu pirei logo que vi.
Memorial do Consumo: Qual a sua memória sobre publicidade e consumo na infância?
Diniz: Lembro-me de campanhas que acabaram fazendo parte da memória da minha infância. A bolinha vermelha da groselha vitaminada Milani é um exemplo disso (clique e lembre do comercial, um dos jingles mais famosos da publicidade nacional: https://youtu.be/lC3Qi3rlNis).
Memorial do Consumo: Como o seu trabalho influencia suas práticas de consumo?
Diniz: Influencia demais. Tento ser muito consciente naquilo que consumo. Não tenho hábitos sofisticados ou grandes desejos de bens posicionais. Procuro sempre me questionar sobre o que quero e se a compra tem um sentido maior para mim. É um exercício diário, pois somos muito bons em fazer as pessoas comprarem o que não é, necessariamente, uma necessidade – e, sim um desejo. Costumo dizer que se você compra algo que tem um propósito na sua vida, esse é o consumo que valeu a pena.
Se não representarmos as minorias e alguns grupos de pessoas na comunicação, eles se tornam invisíveis nas ruas também.
Memorial do Consumo: Como você se vê influenciando o consumo de uma família?
Diniz: Me vejo com grande responsabilidade e, por vezes, certos questionamentos. Esses questionamentos servem para que o trabalho de estratégia leve também para os clientes algumas perguntas fundamentais sobre o que vamos comunicar. Acho que é possível vendermos um produto e construir uma nova consciência para a sociedade, por exemplo. Recentemente fiz três campanhas para clientes diferentes onde vendíamos os produtos, mas os personagens, em duas delas, eram casais homoafetivos e em outra uma mulher negra que se tornava astronauta e ia ao espaço. Acho que isso ajuda a criar uma mensagem de mais diversidade. Se não representarmos as minorias e alguns grupos de pessoas na comunicação, eles se tornam invisíveis nas ruas também.
Memorial do Consumo: O que o consumo representa para você?
Diniz: O consumo pode representar excesso, descontrole e a tentativa de resolver uma frustração. E isso é ruim. Mas o consumo pode ser crescimento e realização se aquilo que você consome tem um propósito na sua vida. Tudo depende do seu grau de consciência. Esse é o desafio de cada um de nós. Inclusive o meu e da minha família.