As periguetes foram parar no dicionário. E isso significa muita coisa.
A palavra “piriguete” foi incluída em dois dicionários com as seguintes definições: “moça ou mulher que, não tendo namorado, demonstra interesse por qualquer um” e “mulher considerada desavergonhada ou demasiado liberal”. Há algumas conjeturas sobre o nascimento do termo, que parece mesmo ter vindo da periferia de Salvador. Em uma versão a periguete teria como ponto de partida a palavra “perigosa”. Em outra versão, acredita-se que veio dos brasileiros tentando imitar os gringos falando “pretty cat”, que por sua vez seriam os gringos tentando fazer uma versão do “gatinha” brasileiro.
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Em seu artigo, Marcia investiga o termo a partir da mídia e suas formas de difusão, da música que canta essas mulheres, de suas expressões nos meios digitais e de entrevistas informais com jovens de ambos os sexos. O objetivo era conhecer as opiniões acerca dessas mulheres, como cultuam seus corpos, sua identidade e posicionamento da sociedade do consumo, como também a sua representatividade destacada nas telenovelas brasileiras.
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O artigo é um ótimo exemplo de como os estudos da comunicação e do consumo podem nos ajudar a enxergar as origens, os significados e as consequências mais profundas de fenômenos que parecem superficiais. Quando usamos a ciência para examinar esse termo, que parece ser uma gíria ou uma moda passageira, rapidamente identificamos a velha batalha entre mulheres que não se submetem aos padrões de comportamento esperados e as tentativas de diminuí-las e marginalizá-las. O artigo é uma boa referência de como podemos combinar diversas fontes para investigar um objeto que inicialmente parece difuso e “informal demais” para que se possa definir e estudar. Você pode ler o resumo e o texto completo aqui.
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A imagem que ilustra esse post nós retiramos desse blog.