As TICs e o fim dos veículos impressos de comunicação

Por Renato Pezzotti

fluirO surgimento de novas tecnologias tem criado comportamentos difusos entre os consumidores. Antigamente, textos saíam de uma máquina de escrever. Hoje, com programas em computadores de última geração, escrevemos, apagamos, reescrevemos, copiamos e colamos. Imagens, antigamente, somente impressas. Hoje, as temos em nossos aparelhos celulares, tablets e outros dispositivos, a qualquer hora, em qualquer lugar.
Não resta dúvida de que as TICs (tecnologias da informação e da comunicação) impuseram grandes mudanças ao jornalismo – e aos veículos de comunicação. E essa discussão permeia todo artigo “A luta do rochedo contra o mar – Uma discussão sobre como as tecnologias da informação e da comunicação (TICs) foram fundamentais para o fim da Revista Fluir”.
No texto, a ideia é passar por algumas das mais importantes teorias da comunicação, elucidando o caminho que transformou o indivíduo, até então um simples espectador dos efeitos onipotentes da comunicação, em co-criadores que alteram o modus operandi de veículos tradicionais de comunicação – influenciando até, na extinção de algumas publicações.
A expansão do acesso à internet e à intensificação das redes sociais definiu a criação de  novos “formadores de opinião verticais”. Outrora vistos por Bourdieu (1980) como intelectuais, jornalistas, professores, líderes de classes, empresários e lideranças comunitárias, os formadores de opinião passaram a ser, nesta época de redes sociais, web-celebridades quase que instantâneas. Veículos de imprensa tradicionais encerram suas atividades por não alcançarem mais seu público-alvo, que agora procura informação em redes sociais, como páginas de Facebook e perfis de Instagram.
Tudo é conteúdo?
Todos somos capazes de criar e distribuir conteúdo? A curadoria do que realmente é relevante para nós ficará nas mãos de um algoritmo de uma rede social? Ao menos na questão do conteúdo, podemos dizer, por enquanto, que sim.
redbullEmpresas passaram a criar suas próprias plataformas de conteúdo.  No artigo, abordamos a Red Bull, companhia austríaca fundada em meados da década de 1980 e pioneira no mercado de bebidas energéticas. Presente em 165 países, ela já vendeu mais de 40 bilhões de latas de seu produto e emprega quase 10 mil pessoas pelo mundo.  Mas a Red Bull não é mais somente uma fabricante de bebidas. É uma empresa de comunicação, que vende seus produtos por meio de uma filosofia de vida. Sua marca forte atua como guarda-chuva dos diversos tipos de conteúdo de alto impacto que produz, assinados  pela Red Bull Media House (RBMH), agência própria criada em 2007 como unidade de negócios separada da empresa principal.
Analisamos, também, a presença midiática do jovem atleta Gabriel Medina. Com apenas 22 anos, o jovem surfista do litoral de São Paulo, contava com dez patrocinadores e números gigantescos de fãs em suas redes sociais: no Facebook, 1,3 milhões de fãs. No Instagram, 4,4 milhões de seguidores que acompanham as suas novidades não mais por um veículo de imprensa e, sim, por postagens próprias, com fotos do dia-a-dia do atleta ou informações passadas por sua equipe de assessoria de conteúdo.
Isto posto, entendemos o porquê do fim de publicações impressas tradicionais, como a Revisa Fluir. Concebida em 1983 por cinco amigos surfistas, estudantes universitários que vivam em São Paulo, a Fluir sempre foi considerada o principal veículo impresso nacional a abordar o surfe como esporte e estilo de vida. Segundo Cláudio Martins, um dos criadores da publicação, as marcas sempre abraçaram a causa – e tal afirmação mostra claramente a importância dos patrocinadores na vida da revista. E, quando eles foram deixando a publicação, ela morreu. Depois de 32 anos, a Fluir encerrou seu ciclo de atividades no final de maio de 2016. A revista que ajudou a desenvolver o esporte no País teve que fechar suas portas – num litoral com mais de 8.000 km de praias (e ondas).
Quer saber mais sobre esse tema?
Veja o artigo completo apresentado no Intercom 2016 em: http://portalintercom.org.br/anais/nacional2016/resumos/R11-2876-1.pdf.
REFERÊNCIA
BOURDIEU, Pierre. “A opinião pública não existe”. In: THIOLLENT, Michel. Crítica metodológica, investigação social e enquete operária. São Paulo: Polis, 1980.
 

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