Bianca Villani: “Quando você entra em uma empresa de Marketing de Relacionamento, você se torna o produto do produto.”

 Foto Bianca

Apaixonada por empreendedorismo e desenvolvimento pessoal, Bianca Villani de Brito trabalhou em áreas bem diferentes, passando por atendimento em agência de publicidade, start-up de tecnologia, marketing de relacionamento até começar seu próprio negócio, a Consultoria Performance MKT & COM, empresa focada no pequeno empreendedor, além de oferecer soluções para profissionais liberais. Ela também é bacharel em Publicidade e Propaganda pela ESPM e considera o conhecimento acadêmico e o prático complementares.

Dessas passagens, a que mais a influenciou foi a do marketing de relacionamentos. Segundo Bianca, trabalhar nesta empresa “foi interessante porque eu vi na prática o que era o consumo e o que era mexer com a cabeça das pessoas”, sendo que deixa claro que não diz “mexer com a cabeça das pessoas” no sentido de manipulação, mas sim no sentido do consumo como modificador de estilo de vidas: “foi ali que eu percebi que as pessoas se moldam através do consumo; através do perfil que elas desenvolvem”. Ela dá o exemplo do veganismo, que faz com que a pessoa tome precauções ao consumir um produto, como evitar usar roupas de couro.
Ela afirma, ainda, viu “pessoas se mudando através de uma marca e se moldando através do consumo dessa marca, porque quando você entra em uma empresa de Marketing de Relacionamento, você se torna o produto do produto”.
Memorial do Consumo: suas práticas de consumo ao longo da sua vida influenciam no seu trabalho?
Alteraram bastante. Porque assim, quando eu estava recém-formada pela ESPM, fui convidada a entrar em uma empresa de marketing de relacionamento, eu me empolguei com a ideia, porque eu achei os produtos incríveis – bem acima da média do mercado –, mas eu me tornei produto do produto! Minha rotina era: de manhã eu tomava suplemento da empresa, para dar disposição, depois eu tomava o antioxidante da empresa, tomava colágeno, lavava meu cabelo com o shampoo da empresa, maquiagem da empresa, produtos para a pele… porque eu era produto do produto. Eu tinha que mostrar o resultado. Na indústria do Marketing de relacionamentos, você tem que consumir os produtos para depois vende-los.
O que mudou? Acho que foi a maturidade. Depois disso eu comecei a pesquisar um pouco mais sobre a cadeia produtiva da indústria e comecei a ter uma consciência maior do meu corpo. Hoje em dia eu pesquiso muito mais sobre uma empresa. Trabalho escravo, por exemplo, eu não compro de empresas que usam mão-de-obra escrava. E eu penso muito. Será que eu preciso de mais uma calça de trabalho? Mais uma bijuteria? Será que não usar sempre a mesma bijuteria não é legal para fazer a minha marca?
E eu percebo que a gente vive em uma dualidade em relação ao consumo. Hoje em dia, a gente tem mais pessoas falando sobre isso, de consumo sustentável. Também tem a onda de minimalismo… mas a gente também tem influenciadores digitais que influenciam muito o consumo.
Memorial do Consumo: o que o consumo representa para você?
Nossa. Algumas coisas que eu descrevi para você tem a ver com o consumismo. O consumismo é quando a gente consome algo que a gente não tenha necessidade consumir. Isso porque o habito de comprar virou entretenimento.  O consumismo é quando você consome para o seu prazer, por impulso, por desejar, o que pode até virar uma doença.
Mas o consumo, para mim, está muito atrelado à sua identidade, ao seu desenvolvimento. Conforme amadurecemos, vamos tendo mais autoconhecimento sobre nossa personalidade, sobre nossos gostos. Isso reflete também na maneira como consumimos, porém sempre procuramos nossa identidade  no consumo e no pertencimento. Então o consumo hoje em dia está muito ligado com a identidade. Mas ele não está mais ligado apenas a produtos: ele não está mais ligado ao seu computador, ao celular que você tem ou se você tem uma bolsa da Louis Vuitton. Ele está muito ligado também a… você usa Netflix? Você usa Spotify? O que você consome no Spotify? Você tem Twitter? Então ele está ligado a muitas coisas e são essas pequenas coisas que você consome que formam a sua identidade. “Consumo”, hoje em dia, não está mais ligado aos produtos, mas também aos serviços.

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