A São Paulo antiga narrada pelo artista-comunicador José Medina: entrelaçamento entre comunicação, consumo e memória

Vera da Cunha Pasqualin

Vivemos hoje bombardeados por estímulos e passamos a experimentar a vida mediados por telas em variados formatos. Mas como era no tempo de nossos bisavós? Essa foi uma das questões que intrigou a pesquisadora Vera da Cunha Pasqualin quando entrou no PPGCOM-ESPM e propôs estudar a produção midiática em São Paulo nos anos 1940. Em seu projeto de mestrado, Vera se deparou com preciosos arquivos mantidos pela família de José Medina, paulista que viveu entre os anos de 1893 e 1980 e transitou entre a arte e a comunicação, trabalhando com cinema, fotografia, desenho, pintura, publicidade, teatro, rádio e jornal. Estudando estes documentos e colhendo ricos depoimentos, passou a desenhar a memória de certos hábitos e práticas de consumo, material e simbólico, da vida paulistana na década de 1940.

Naquela época, ainda antes do surgimento da televisão, o rádio invadia os lares e impunha sua presença no cotidiano das famílias. Eram tempos de radiatro e a imagem dos galãs era criada na imaginação dos ouvintes, a partir de suas vozes e efeitos sonoros produzidos nos estúdios de rádio.

Além da forte presença do rádio, o jornal impresso também exercia um papel importante como meio de informação e, porque não, como forma de entretenimento. Foi justamente esta ligação entre o rádio e o jornal que interessou esta pesquisa de mestrado, que selecionou cinco roteiros de peças radiofônicas que serviram para dois propósitos simultâneos: apresentação em emissoras de rádio paulistanas; e publicação, de forma seriada, no Jornal de São Paulo, entre os anos de 1946 e 1947.

A leitura destes roteiros permitiu perceber traços da sociedade paulistana à época e evidenciou as narrativas de Medina inseridas na matriz melodramática descrita por Jesús Martín-Barbero. Foram apresentadas as lógicas da produção de rádio durante a década de 1940 e o consumo doméstico de bens simbólicos e midiáticos, especialmente de textos românticos desde o século XVIII, passando pela publicação de folhetins em jornal, até chegar ao foco deste estudo: peças de radiatro.

Os resultados apontaram para o entrelaçamento entre comunicação, consumo e memória, entendendo a escuta do rádio e a leitura de roteiros de peças radiofônicas em jornal também como bens simbólicos que, em si, representam o consumo midiático e situam o ouvinte/leitor no tempo e no espaço, sincronizando com os ritmos da cidade e da mídia.

Este trabalho foi feito com o apoio e orientação da Professora Mônica Rebecca Ferrari Nunes.

Se quiser conhecer o conteúdo completo da dissertação e experimentar um pouco o tempo de seus bisavós, acesse o texto em PDF:
COMUNICAÇÃO, CONSUMO E MEMÓRIA: Uma escuta sobre as narrativas radiofônicas de José Medina na década de 1940.

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