Deu ruim: performances online fail na era das selfies

Beatriz Brandão Polivanov (carinhosamente conhecida como Bia Poliva) já foi docente da graduação e pós-graduação lato sensu ESPM de São Paulo e atualmente é professora adjunta do Departamento de Estudos Culturais e Mídia e do programa da pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF).

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Foto: Beatriz Polivanov

Nome bastante reconhecido na área de pesquisa de comunicação digital, sua graduação é em Letras (Português-Inglês) pela UFRJ, com licenciatura, mas sua história com a Comunicação vem de longa data: na UFF cursou não apenas seu mestrado, mas o doutorado e o pós-doutorado, com bolsa CAPES/PNPD na linha de Estéticas e Tecnologias da Comunicação.

Entre um GT e outro do Comunicon 2018, o Memorial do Consumo bateu uma bola rápida com a autora do livro “Dinâmicas identitárias em sites de redes sociais: estudo com participantes de cenas de música eletrônica no Facebook”, lançado em 2014.

Memorial do Consumo – Sobre o que é sua pesquisa?

Beatriz Brandão Polivanov – Como que algumas vezes as pessoas querem construir uma performance nas redes sociais, mas não sai como o esperado. Chama-se “Rupturas performáticas online e gerenciamento de crise: casos brasileiros de marcas, celebridades e influenciadores digitais”. 

MC – Qual é sua reflexão?

BBV – Um ponto que estamos tentando reflexionar é a apresentação de si e estudos em performance sobre o que dá certo. Quero ver a incoerência e o que atrapalha.

MC- Por que essa reflexão é importante para nós enquanto sociedade?

BBV – É importante para entender as estratégias de construção de nós mesmos, como actantes [dentro de uma perspectiva de Bruno Latour e sua teoria ator-rede] humanos e não humanos atuam.

Fernanda Paes Leme [atriz] fez um tuíte onde escreveu que estava vendo a novela pelo aparelho Sony Xperia, só que na mensagem apareceu o “Twitter for iPhone”, então ela perdeu o contrato com o anunciante. O que a prejudicou foi a máquina, o que teve efeitos mercadológicos.

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Fonte: Uol
O apresentador Luciano Huck postou uma foto em seu Instagram agradecendo por ter atingido a marca de 10 milhões de seguidores. Só que na imagem da tela do seu celular aparecia a marca da operadora Vivo, sendo que Huck é garoto-propaganda da Tim, concorrente. Tem repercussões mercadológicas, dinâmicas sociais, há vergonha também, o que se relaciona com a cultura. Há atravessamentos entre humanos e máquinas.
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Fonte: Blue Bus
Há também uma cobrança da coerência do outro diacrônica. Os fãs de uma celebridade, um jogador de futebol, cobraram um posicionamento sobre uma postagem antiga, de dois ou três anos atrás.
MC – O que você descobriu? Quais foram os resultados?

BBV – Primeiro que o agente causador pode ser humano ou não humano. Pode ser um espelho, que esteja mediando. Como uma selfie, que mostra mais do que o autor gostaria. E pode ser o agente que leve a um bullying, a uma questão social.

Em segundo, a importância dos rastros digitais. Se alguém já jogou aquela informação na rede, ela não se perde.

Há um conflito entre a teoria de Stuart Hall [sobre a questão de  identidade] e na prática, a cobrança de se manter essa continuidade. Discussão também sobre a autenticidade nas nossas narrativas de vida.

MC – Fale um pouquinho da experiência de ter feito sua pesquisa

BBV – Amo fazer pesquisa e fazer coletivamente. Meus alunos de graduação me ajudam muito. Agora estou procurando uma literatura que venha do sul e não do norte, como é tão comum. Quero ver o Camboja, do ponto de vista empírico, fora desses eixos anglófanos. Quero outras referências for a da América do Norte.

Gosto do pensar junto, da interlocução com outros colegas. Esse é o melhor aspecto da pesquisa. E talvez olhe isso a partir da perspectiva do feminino.

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