Caloi ainda pedala na mente do consumidor

A Caloi, fundada por imigrantes italianos em 1898, encarou o início da década de 70 um desafio: desenvolver uma campanha publicitária para o Natal que destacasse a bicicleta como presente em meio a tantas opções de brinquedos. A tarefa ficou a cargo da Integral de Propaganda. A solução criativa apresentada atravessou gerações, sendo usada também em outras datas, como o Dia das Crianças, e passou a povoar o imaginário de muitos brasileiros.
A campanha “Não esqueça a minha Caloi” mostrava um simpático personagem animado que explicava para a criançada como fazer com que os pais não se esquecessem de comprar a bicicleta. A estratégia do jovenzinho era espalhar bilhetes com o lembrete-mote. O primeiro filme da ação iniciava com a cena de um despertador encoberto por um bilhete acordando o pai do protagonista.
Na sequência, o homem encontrava mensagens no bolso do roupão, dentro do chinelo e no espelho do banheiro, até que o garotinho contava para o público o segredo: “Para ganhar uma Caloi, faça como eu. Escreva um bilhetinho e coloque em todos os lugares onde seu pai pode ver”. Ao final da peça – desenvolvida pela Start Desenhos Animados, de Walbercy Ribas -, o protagonista recebia do pai o tão desejado presente (veja o filme original abaixo).
“O resultado foi excepcional. A empresa chegou a vender toda a produção e ficar sem estoque. Ao lado de alguns lançamentos, a campanha foi o principal fator para reverter a posição da Caloi no mercado, anteriormente liderado pela Monark”, recorda José Estevão Cocco, um dos criativos da ação que posteriormente fundou a J. Cocco. Os primeiros filmes eram bem didáticos. Com o tempo, foram se sofisticando e chegaram até a ser estrelados pelos personagens da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa.
Paralelamente, na mídia impressa a investida tinha o apoio de anúncios de página dupla, com bilhetinhos que podiam ser recortados, em todas as revistas infantis da Abril – o que tornou a marca um dos maiores anunciantes da editora à época. As mensagens também eram distribuídas como material de ponto-de-venda. A força da campanha foi tamanha que pesquisas apontaram que crianças não alfabetizadas sabiam escrever o nome da empresa.
O bordão “Não esqueça da minha Caloi” esteve presente em mais de 50 comerciais, e a iniciativa foi exportada para vários países da América do Sul, como Colômbia, Chile, Paraguai, Uruguai e Venezuela, até seu término, em meados da década de 80. “O slogan passou a fazer parte do dia-a-dia das pessoas, virou até fala de peça do teatro”, lembra Cocco. Apesar do sucesso do tradicional personagem animado, ele só foi batizado em 1990, com o nome de Zigbim, em uma ação promocional de distribuição de bilhetinhos.
Em setembro de 2001, o conceito histórico ressurgiu na mídia com o objetivo de levar às novas gerações um pouco da emoção vivenciada pelas crianças das décadas anteriores. “Tentamos resgatar uma campanha de sucesso e durabilidade, mas sem a mesma assiduidade na TV em virtude do preço exorbitante da mídia hoje”, aponta Eduardo Romão, gerente de produto da Caloi.

Ficha técnica
Período de veiculação: Décadas de 70 e 80
Cliente: Caloi
Produto: Institucional
Agência: Integral de Propaganda
Criação: José Estevão Cocco e Ruy Agnelli
Produtora: Start Desenhos Animados
Direção: Walbercy Ribas
 

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