Jingle do Banco Nacional: para sempre nos nossos Natais

A propaganda brasileira tem algumas campanhas emblemáticas relativas ao Natal, como as de Rede Globo, Casas Pernambucanas e Varig. Mas, dentre todas, a mais marcante com certeza é a do Banco Nacional, que ficou no coração e na mente do público pelo encanto dos protagonistas mirins e principalmente pelo jingle criado por Edison Borges de Abrantes, mais conhecido como Passarinho.
A música – “Quero ver você não chorar, não olhar pra trás nem se arrepender do que faz” – extrapolou os horizontes da publicidade e tornou-se tema natalino, cantarolado até por gerações que nunca viram os comerciais. O filme original é de 1971, época em que o cliente era atendido pela agência JMM. Patrocinadora do Jornal Nacional (que não tinha esse nome por causa do banco, é importante frisar), a empresa veiculava de três a quatro comerciais diferentes por mês, e a agência sugeriu que fosse feito um institucional de fim de ano.
Diretora de criação da JMM naquele tempo, Lula Vieira tomou um avião para São Paulo especialmente para encomendar um jingle natalino a Passarinho. O artista mostrou-lhe uma música que havia acabado de compor e que iria gravar no dia seguinte. Não deu outra: com algumas modificações, ela foi parar na propaganda do Nacional.
Música resolvida, a questão era arranjar imagens que combinassem com a mensagem a ser transmitida. O pessoal da agência optou por algo bem tradicional: um coral de crianças vestidas de dourado cantando jingle em um belo gramado. “Já imaginando que dureza seria gravar com 50 crianças, decidimos logo de cara fazer várias tomadas e depois montar o filme com cenas que retratassem a espontaneidade da meninada”, lembra Vieira.
A versão final mostrava detalhes cheios de graça, como as crianças se cutucando, arrumando as roupas e se preparando para sua vez de cantar. Uma curiosidade: o ator que fazia o regente do coro era Mauro Gonçalves, o Zacarias do grupo Os Trapalhões. O próprio presidente do banco, Marcos Magalhães, aprovou a peça, que não por acaso ganhou todos os prêmios de publicidade do ano seguinte.
O filme fez tanto sucesso que foi ao ar por quatro ou cinco anos consecutivos. Depois disso vieram outras versões, mas a que ficou na memória – e que talvez muita gente se lembre mais do que do comercial original – foi a última, de 1988. Nela, um garotinho atravessa apressado as ruas da cidade em sua bicicleta, tentando chegar a tempo para cantar com seu coral, que ao longo do filme vai entoando a canção. Ao término, ele consegue chegar para encerrar a apresentação com um agudo “pra você”, a parte final do jingle (veja ao filme abaixo).
Nesse período a conta já estava na MPM, e o responsável era Fábio Siqueira, que depois abriu sua própria agência, a FAM. “Queríamos modernizar a idéia e nos inspiramos no filme E.T. e na famosa cena da bicicleta”, conta. Outra curiosidade: o diretor do comercial foi ninguém menos do que o cineasta Walter Salles, da família que controla o Unibanco e que, anos depois, compraria o Nacional.
O jingle voltou ao ar no início da década de 2000 na propaganda das Lojas Marabraz que comprou o direito de uso da canção até 2015.

Ficha técnica
Ano: 1971
Agência: JMM
Anunciante/produto: Banco Nacional/Institucional
Direção de criação: Lula Vieira
Produtora/filme: PPP
Direção/filme: Francisco Abréia
Jingle: Edison Borges de Abrantes (Passarinho)
Trilha sonora: Somina
Ano: 1988
Título:
“Noite de Natal”
Agência: MPM/RJ
Direção de criação: Fábio Siqueira
Produtora: Globotec
Direção/filme: Walter Salles Jr.
Este texto faz parte do livro “Campanhas Inesquecíveis”, publicado pelo Meio & Mensagem em 2007.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 4.3 / 5. Número de votos: 7

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.

Lamentamos que este post não tenha sido útil para você!

Vamos melhorar este post!

Diga-nos, como podemos melhorar este post?