Entre pelúcias e bolas de boliche

Fursuiters em encontro do Furboliche Santos. Foto por DannyeBR. Retirado de http://dannyebr.deviantart.com/art/Me-and-other-fursuiters-at-Furboliche-Santos-549726861
Fursuiters em encontro do Furboliche Santos. Foto por DannyeBR.

 
Eles chegaram aos poucos no boliche localizado na zona sul de São Paulo. Como descreve a pesquisadora, “o espaço não estava lotado,mas alegre. A música ininterrupta convidava à dança e os furries dançam bastante, dançam em trios, fazem coreografias. Jogam boliche, tiram muitas fotografias, desenham seres antropomórficos e os dispõem nas paredes do local, porque haveria um concurso de desenhos e croquis ao final do encontro que durou quatro horas. Conversam. A fursuit pode estar completa ou apenas representada pela cabeça do bicho”
 
A professora e pesquisadora do PPGCOM-ESPM, Mônica Nunes, fazia sua pesquisa sobre o mundo dos cosplayers quando um jovem a corrigiu dizendo que não era um cosplay, mas um furry. Intrigada, ela foi atrás. O que ela descobriu foi esse outro grupo, que carrega semelhanças com o mundo dos cosplays, mas que tem sua características próprias: os furries.
 
Furry vem de “fur”, que significa “pelo” em inglês. São jovens que se reúnem vestidos de animais com características humanas, animais antropomorfizados. Em semelhança aos cosplayers, objeto de pesquisa antigo da Mônica, a cena furry produz a suas materialidades (ex: fantasias usadas nos encontros, os desenhos dos concursos de desenho) e suas performances (ex: as danças e os encontros), sendo um objeto interessante para se entender um pouco mais sobre como a comunicação e o consumo se cruzam nas nossas vidas.
 
Mas se esses jovens se vestem de anime ou de animais, as fantasias não são representações totalmente fiéis à realidade e sim releituras dos personagens. Por isso, parte da pesquisa da professora tem base nos estudos sobre memória. O que é a memória individual e o que é a memória coletiva? Já se sabe que a memória não é uma gravação objetiva e perfeita do passado, ela é uma reconstrução que tem vieses e gaps. Assim, a memória também pode ser construída pela mídia, que gera afetos que podem se reproduzir por palavras e gestos. Esses afetos, essas memórias e o papel da mídia ficam muito claros no caso dos furries e dos cosplayers.
 
A performance, os significados, as memórias e a busca pelos materiais da fantasia fazem com que, no fim das contas, os encontros furry sejam atravessados pelas questões da comunicação, do consumo, da memória e do entretenimento. No artigo publicado na Revista Contracampo, do PPGCOM da UFF, a nossa professora investiga um pouco dessas construções. O programa de pós-graduação em Comunicação e Consumo da ESPM se dedica a entender essas e outras questões do nosso tempo.
 
Bateu a curiosidade? O artigo completo “Memória, consumo e memes de afeto nas cenas cosplay e furry” você encontra em http://www.contracampo.uff.br/index.php/revista/article/view/903
A foto que ilustra este artigo foi retirada de http://dannyebr.deviantart.com/art/Me-and-other-fursuiters-at-Furboliche-Santos-549726861
 

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