Google e o consumo simbólico do trabalho criativo

Por Vander Casaqui

 

Introdução

google-office-O Google, principal portal de buscas da internet, é o tema deste artigo, norteado pelo fenômeno da disseminação midiática de imagens do seu ambiente corporativo, que alimenta o imaginário contemporâneo do trabalho com representações sociais de atividade criativa espetacularizada.

A forma como a cultura organizacional do Google é publicizada constitui a sua materialidade, a sua narrativização midiática, componente da visibilidade do serviço imaterial oferecido pela instituição. O mundo do trabalho, identificado no cenário do Google com significações de criatividade, despojamento, modernidade e juventude, torna-se espetáculo que sublima o caráter competitivo e demais conotações negativas associadas a essa esfera de atuação humana

O trabalhador torna-se, nesse contexto comunicacional, o consumidor modelo do universo simbólico da marca – utilizada simultaneamente como a corporificação do Google na sua estratégia de sedução pela criatividade dos possíveis consumidores. Trabalho e consumo, dessa forma, unem-se no mesmo campo simbólico, com a predominância na manifestação dos sentidos do consumo que mercadoriza a imagética do mundo do trabalho no contexto dos serviços tecnológicos de nosso tempo. A criatividade não seria tão percebida pela concretude dos produtos gerados quanto pela identificação com a espacialidade e com os dispositivos inseridos no ambiente da atividade profissional. A mítica do processo criativo ganha nova roupagem e se expande para o plano da publicidade da marca, através dessas mesmas formas de visibilidade da empresa Google.

Nesse sentido, a criatividade também é mercadoria – a ser consumida pelo público que utiliza os serviços do Google e sonha em fazer parte de seu time de colaboradores –, entendida como produção social e como representação midiática, moeda de troca na negociação simbólica entre os interesses corporativos e os consumidores de sua marca e de seus serviços.


Este artigo foi publicado originalmente na revista Comunicação, Mídia e Consumo v. 6, n. 17 (2009) do PPGCOM ESPM.
O artigo completo pode ser encontrado em pdf, aqui: PDF.



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