Roberto Gomes, 32 anos, policial
“Na minha família, coisas são pra fazer negócio. Acho que a alma de mascate está no nosso sangue. Dizem que meus avós, lá na Paraíba, eram mestres em vender qualquer coisa (e até animais) que lhes passasse nas mãos. Lembro de, ainda criança, de ir com meu pai em feiras de vendas de automóveis fazer ‘rolo’.
Depois de uma série de pequenas negociações de criança, fiz meu primeiro grande negócio aos 15 anos. Comprei uma Brasília bem velha e reformei ela todinha para vender. Foi o primeiro de muitos carros assim. Até os 18 anos – quando finalmente eu pude dirigir – eu já tinha tido uns 10 automóveis. Tenho olho para itens que parecem estar caindo aos pedaços, mas, na verdade, têm um enorme potencial de reuso.
Estou sempre vendendo coisas: durante uma época, fiz um dinheiro bom comprando roupas direto da fábrica e revendendo. Uma vez, juntei uma série de eletrodomésticos e eletroeletrônicos que eu e minha família não usávamos mais e ofereci como parte do pagamento de um carro para mim.
Recentemente, observei que tinha uma guarita sempre vazia em uma rua perto da minha casa. Perguntei na vizinhança e descobri que a guarita não tinha nem dono, nem função – há anos! Não deu outra: pintei a guarita com meu sogro e revendemos nesses sites de vendas de usados. Foi menos plástico do mundo, um dinheiro extra para mim e economia para alguém que precisava de uma guarita, até porque uma nova é bem cara. Enfim, todo mundo saiu ganhando.
Onde as pessoas vêm só coisas paradas, eu vejo coisas em fluxo.”