Topczewski: “infelizmente, quem não consome, não exerce sua função”

Gilberto-TopczewskiComo sócio e produtor executivo da produtora bigBonsai, Gilberto Topczewski liderou e participou de projetos de produção de conteúdo para marcas como Nike, Natura, Coca-Cola, Gatorade, Ford e Itaú. O publicitário já atuou em agências como AlmapBBDO,  F/Nazca, Lowe Loducca, Lew’Lara TBWA e Delvico Bates Barcelona, além de produtoras como O2, Mixer e Zohar. Confira o papo do executivo com o Memorial do Consumo:
Memorial do Consumo: Qual a sua memória sobre publicidade e consumo na infância?
Gilberto Topczewski: Me lembro de clássicos da propaganda da época, como a campanha da UStop com Fernandinho (Bonita camisa, Fernandinho); do filme para FIAT com Lazaroni, então técnico da seleção brasileira vestido de guarda de trânsito; do desenho animado com jingle pop de DDDrim; do primeiro sutiã; dos filmes de aventura de Hollywood; do mundo de Marlboro; da campanha de Orloff “Eu sou você amanhã”; Brastemp; Baixinho da Kaiser e por aí vai…Lembro que tínhamos menos diversidade, consumíamos menos, de forma mais consciente e controlada. Tênis era Bamba, Kichute ou Rainha. Chiclete era PingPong, Ploc e Azedinho Doce. Confesso que sinto uma certa nostalgia.
Memorial do Consumo: O seu trabalho influencia suas práticas de consumo?
Topczewski: Sem dúvida. As duas coisas se influenciam mutuamente, sobretudo o consumo de informação, cultura e tecnologia. Mas o fato é que estamos vivendo um momento de consumo desenfreado, insustentável e isso nos faz repensar as duas coisas: o nosso modo de vida e o trabalho que fazemos. Na bigBonsai, buscamos nos envolver com trabalhos que estejam na intersecção do conteúdo com a publicidade. Buscamos gerar conteúdo relevante para o público. Dentro e fora da publicidade, nosso desejo (e objetivo) é criar e se envolver em projetos que gerem um impacto positivo na sociedade. Mas não é uma tarefa fácil.
Memorial do Consumo: Qual o comercial que você gostaria de ter feito?
Topczewski: O próximo!
Memorial do Consumo: Como você se vê influenciando o consumo de uma família?
Topczewski: Tentamos trazer verdade nos nossos trabalhos. Tentamos gerar conteúdo, dizer algo sobre as marcas por meio das suas atitudes, da sua forma de se comunicar. Digo isso sem hipocrisia. Com isso, quem sabe as pessoas possam ter mais propriedade para decidir sobre uma marca ou outra. Decidir se conectar e contribuir com marcas com as quais haja algum valor compartilhado. Gostaria de me envolver com marcas cada vez mais conscientes sobre o seu peso e o seu papel na sociedade. Acho que podemos ter o papel de transformar a relação entre as marcas e a sociedade como um todo.
Memorial do Consumo: O que o consumo representa para você?
Topczewski: Infelizmente, vivemos numa sociedade na qual consumir é tornar-se um cidadão inserido e relevante. Quem não consome, não exerce sua função. E eu não gostaria que fosse assim e nem concordo com isso. Mas sinto que é assim que a coisa funciona. A engrenagem só gira com o consumo e para fazer parte, para estar inserido, você tem que consumir. Porém, estamos chegando no esgotamento desse modelo. Ele não é sustentável, não faz bem para o mundo. Estamos numa curva de mudança, mas o processo é lento e extremamente complexo. Não há uma força vetorial apontando em uma única direção. Enquanto há um ganho de consciência e uma mudança de hábitos por parte dos consumidores e de atitudes por parte de algumas marcas e corporações, há também um retrocesso ou uma estagnação por parte de várias instituições sociais e por outros grupos de consumidores e outras marcas e corporações.

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