Três comerciais que mudaram o Brasil

Todo publicitário quer que sua campanha caia nas graças do povo, que seu slogan esteja na boca de toda a gente. Ver a direção de arte virar meme. Conta-se que Nizan Guanaes festejou quando chegou até ele uma paródia de sua campanha para o Itaú, que sugeria que o banco concorrente seria “feito para você” no caso dos endividados.

Ser lembrado é melhor do que ganhar Cannes, o prêmio máximo da propaganda. É se imortalizar pela própria obra. É o “remember my name” (lembre meu nome) que o protagonista da série Breaking Bad pede em seus derradeiros momentos, é ser um dos convidados de David Letterman que dispensam apresentações. É se sentir útil, é ter feito a vida valer a pena.

Mas e quando a propaganda extrapola seus limites mercadológicos e passa a influenciar toda uma nação?

1. Foi assim com a Lei de Gérson

Gérson de Oliveira Nunes,  jogador de futebol titular da seleção brasileira vencedora da Copa do Mundo de 70, explicava no comercial dos cigarros Vila Rica, em 1976: “Gosto de levar vantagem em tudo, certo?” Ao final do reclame, convidava: “Leve vantagem você também”. Nascia aí a ideia de que gostamos de levar vantagem em tudo, o famoso “jeitinho brasileiro”, como explica este texto. Um marco para o anunciante e o garoto-propaganda.

2. E com o “Vem pra Rua”

Pretendia-se vender carros da montadora Fiat com este jingle, um esquenta para a Copa do Mundo que aconteceria no ano seguinte. “Sai de casa, vem pra rua, que a rua é a maior arquibancada do Brasil”, diz a letra. Lançada em abril de 2013, a goleada foi outra. E de placa. A música se tornou hino dos manifestantes que invadiram as ruas de todo o País em maio daquele ano para protestar contra o aumento da tarifa do transporte público.

Hoje “Vem pra Rua” dá nome a um movimento político iniciado nos protestos de 2013, e que volta e meia conclama a população verde-e-amarela a voltar às ruas para mostrar sua indignação contra a corrupção e outras reivindicações, sempre embalados pelo som do profético jingle.

3. O gigante acordou

Lançado em outubro de 2011, este comercial é emblemático do entusiasmo que tomava o País. Escolhido para dois eventos esportivos de grande porte, que aconteceriam na sequência, a Copa do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016). O momento econômico era também favorável, tanto que a capa da The Economist de 2009 mostrava o Brasil na figura do Cristo Redentor, decolando.
O comercial do Johnnie Walker, de forma inspiradora, mostrava o gigante brasileiro acordando. Deixávamos de ser a eterna promessa para darmos o primeiro passo em direção de nos tornarmos “gigante pela própria natureza” como evoca o louvor à pátria amada. Na The Economist foi o Cristo e aqui, outro símbolo da terra brasilis, o Pão de Açúcar, com seu bondinho.
https://www.youtube.com/watch?v=_2cA63D3QMU
Em 2013, à época das manifestações “Vem pra rua” do vídeo anterior, o País voltou a ser capa da revista americana de economia. Só que dessa vez o Cristo Redentor voava descontrolado com o título “O Brasil estragou tudo?”
A propaganda influencia a vida, assim como a vida influencia a propaganda. A meta é atingir o público-alvo para vender produtos e serviços, mas às vezes, o tiro vai ainda mais longe e toca de forma profunda. Nem sempre por algo positivo, é verdade. De qualquer forma, transforma e altera os rumos e sentimentos da pátria-mãe gentil. Talento de quem cria, inclusive novas realidades.

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