Afetos e anime songs
Quem não se lembra do que ouvia quando criança? Das músicas que seus familiares cantavam para você ou das aberturas de desenhos animados que passavam na televisão? E qual sua relação hoje, depois de anos, com estas músicas?
Os professores doutores Mônica Nunes e Luiz Peres Neto, no artigo “Afetos e Paisagens Sonoras: o encontro da ética espinosiana com as canções dos praticantes de cosplay”, problematizam o consumo dessas músicas, ou melhor, problematizam o consumo das anime songs – músicas tocadas nas animações japonesas – pela cena cosplay.
Para isto, os pesquisadores discutem o afeto para Espinosa e as emoções para Antônio Damásio. Sendo interessante que, para o Holandês, temos uma “necessidade de pertencer”, que “incrementa ou reduz nossa potência de agir”.
Damásio vai além nesta discussão, afirmando que “o conjunto de afetos espinosianos surgem como mapas neurais, relacionados às emoções e sentimentos”. O português discute, ainda, a importância das emoções positivas e negativas, além de falar sobre o modo de acionar as emoções, através de um “Estímulo Emocionalmente Competente (EEC)”.
Depois de trazer esses dois autores, os profs. Doutores Luiz Peres-Neto e Mônica Nunes falam sobre a cultura midiática ser capaz de estimular “emocionalmente os mapas neurais que representam os estados mentais da alegria ou da mágoa, acolhidos na clave do prazer ou da dor”. É neste ponto em que os autores apresentam a cena cosplay e, também, entrevistas que fizeram com cosplayers e integrantes de bandas de anime songs.
É interessante que apareçam, nos discursos dos entrevistados, razões variadas para o consumo das músicas de anime. Uma delas é a nostalgia, pois “tem músicas que tocam no coração da galera”, outra é a mensagem de amizade e companheirismo que as músicas trazem.
O artigo se encerra, pois, não dando uma resposta definitiva sobre o porquê de “cosplayers de mais de 20 anos” se interessarem tanto por pelas anime songs. Mas, ao combinar as entrevistas com a discussão de Espinosa e Antônio Damásio, os professores doutores declaram que “fica evidente o fato da música, e suas associações à infância, descrita pelos depoentes, funcionar como estímulo emocional competente para a configuração dos mapas neurais ligados a emoções prazerosas.”
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Imagem retirada do site https://goo.gl/PxVAxG.
