E se não aceitarmos os termos da política de privacidade do Google?

Mobile-marketing-2015-640x381Apenas para citar alguns acontecimentos que afloraram as discussões a respeito da privacidade nos últimos anos, como por exemplo, o caso do grupo WikiLeaks, o vazamento de informações por parte de Edward Snowden e a vigilância que empresas como o Google e o Facebook fazem de cidadãos comuns, é evidente a necessidade de debater as questões éticas a respeito dessa temática. O Prof. Dr. Luiz Peres-Neto, integrante do corpo docente do PPGCOM ESPM, reflete sobre a ética da privacidade e sua relação com a comunicação e consumo.

Peres-Neto argumenta em seu artigo que os fenômenos do consumo e da comunicação são indissociáveis da discussão sobre privacidade na medida em que todos os aspectos da nossa vida, ao serem transformados em dados, podem ser (e são) extremamente rentáveis para diversas organizações. A grande questão é que essa coleta de dados referente aos nossos hábitos, gostos, rotina, consumo, hobbies, etc, nem sempre é feita com nosso consentimento e a possibilidade de negociação é inexistente. Ao navegarmos na internet e utilizarmos as mídias digitais, por exemplo, deixamos uma série de “rastros” que são coletados e analisados por grandes empresas.

Uma manifestação comum de como essa vigilância atua no nosso cotidiano está na publicidade digital. Não é raro nos depararmos com ofertas de produtos e serviços que estamos interessados, “pulando” em qualquer página na internet. Não só a publicidade, mas praticamente tudo aquilo que vemos no mundo digital como nosso feed de notícias nas redes sociais, as matérias que aparecem em edições digitais de jornais e revistas, os e-mails de ofertas que recebemos, etc, foi editado e escolhido “a dedo” a partir das informações que deixamos no ciberespaço.

facebook-google-microsoft-twitter-and-yahoo-join-efforts-to-fight-child-pornography-488993-2Parece que o conceito de privacidade, nos moldes modernos de divisão entre o público e o privado, não satisfaz as complexificidades do ciberespaço e dos sites de redes sociais, onde milhares de pessoas compartilham diversos aspectos de sua intimidade com consentimento ou não. Assim, a fronteira entre as esferas pública e privada constituída na modernidade se dilui na atualidade. Para nós, navegar, postar e compartilhar na web nada mais são que atividades que fazem parte do nosso cotidiano e por isso, nem sempre temos a dimensão das consequências de nossas ações nesses espaços. Peres-Neto argumenta que a mistura entre o mundo físico e ciberespaço de alguma maneira compeliu diversas organizações a editarem suas políticas de privacidade, porém, essa políticas estabelecem uma relação extremamente desigual entre as organizações e os consumidores. Aceitar os termos dessas políticas é uma obrigação para consumirmos diversos serviços digitais como Facebook, Google e Microsoft, por exemplo. Ao nos dar a “escolha” de aceitar ou não esses termos, essas organizações entendem que, se aceitamos, é porque concordamos com o conteúdo que está ali, ou seja, concordamos – entre outras coisas – em ter nossas informações rastreadas e vigiadas.

Assim, podemos questionar que ética é essa? Se hoje somos obrigados a utilizar serviços como Microsoft, Google, Apple, Facebook até mesmo para trabalhar, como é possível não aceitar os termos de suas políticas de privacidade? Como é possível proteger nossas informações quando não há a possibilidade de negociação? Como praticar plenamente o exercício da ética em um cenário no qual temos somente duas opções, ou concordamos ou somos impedidos de consumir? Fica a reflexão.

Para ler o artigo do Prof. Dr. Luiz Peres-Neto na íntegra, basta clicar aqui.

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